
Manaus (AM) — Movimentos sociais, coletivos e organizações ligadas à saúde mental realizam, nesta sexta-feira (10), uma manifestação em frente à sede da Justiça Federal, no bairro Aleixo, em defesa da reforma psiquiátrica e do fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).
O ato marca o Dia Mundial da Saúde Mental e integra uma mobilização nacional contra as comunidades terapêuticas, alvo de diversas denúncias de violação de direitos humanos, tortura e mortes de internos. Segundo os organizadores, esses espaços reproduzem a lógica manicomial sob o discurso de tratamento.
A data, celebrada anualmente em 10 de outubro, busca chamar atenção para a alta incidência de transtornos mentais no mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de um bilhão de pessoas convivem com condições como ansiedade, depressão e transtorno do pânico — cenário agravado pela pandemia de COVID-19.
No Brasil, a Lei da Reforma Psiquiátrica (Lei nº 10.216/2001) mudou a lógica de tratamento, substituindo internações prolongadas por cuidados comunitários, baseados nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).
No entanto, o Amazonas tem a menor cobertura da RAPS entre todos os estados, com grande concentração de casos em Manaus, onde vive mais da metade da população estadual. A falta de investimento do poder público estadual e municipal nos serviços de saúde mental reforça o abismo assistencial, com impacto direto em crianças e adolescentes.
Instituído em 1992, o Dia Mundial da Saúde Mental tem o objetivo de conscientizar a população sobre os transtornos mentais e combater estigmas e preconceitos. O Atlas de Saúde Mental da OMS, publicado recentemente, aponta que uma em cada oito pessoas no mundo vive com algum tipo de sofrimento mental, afetando saúde física, relações sociais e condições de vida.
No Amazonas, 25 anos após a Reforma Psiquiátrica, o cenário segue de negligência. A ausência de políticas efetivas e de equipamentos públicos da RAPS demonstra a falta de prioridade dada pelo Estado e pelos municípios à saúde mental — uma omissão que mantém a exclusão e o sofrimento invisíveis à sociedade.
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