
Manaus (AM) – A nova adaptação de The Running Man, lançada agora sob o título O Sobrevivente, revela muito mais sobre o estado atual do cinema americano do que sobre o próprio material de Stephen King. Dirigido por Edgar Wright, o filme tenta unir ação frenética, crítica à mídia e comentário social, mas se perde na necessidade de explicar tudo o tempo inteiro — um traço marcante do cinema popular desta década, que parece incapaz de confiar na inteligência do público.
Glen Powell interpreta Ben Richards, um trabalhador instável que aceita participar de um reality show mortal para sustentar a família. As regras são simples: sobreviver a uma caçada por 30 dias. Ainda assim, o filme insiste em repeti-las constantemente, seja pelo executivo vivido por Josh Brolin, pelo apresentador interpretado por Colman Domingo ou pelos vários personagens secundários que surgem apenas para “dar a real” sobre o sistema. A ação, que deveria ser o motor da narrativa, para repetidamente para abrir espaço a explicações didáticas.
Wright tenta marcar o filme com ironia e ritmo, mas ambos se dispersam diante do excesso de discurso. Powell se destaca com seu carisma, mas não consegue superar o texto truncado e a crítica superficial. O Sobrevivente acaba funcionando como um sintoma do presente: uma produção ansiosa, saturada de informação e obcecada em anunciar suas próprias ideias antes de deixá-las acontecer na tela.
A análise foi feita pela nossa equipe durante a Cabine de Imprensa, a convite da Espaço Z, na manhã do dia 13 de novembro de 2025, no Cinema UCI do Manauara Shopping, zona Centro-Sul de Manaus.
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