Clique Notícias Brasil (CNB) – A polícia italiana prendeu nesta terça-feira (29) a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), foragida há quase dois meses. A Polícia Federal e o Ministério da Justiça confirmaram a detenção, feita com apoio do adido da PF na embaixada brasileira em Roma.
O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Zambelli em maio a 10 anos de prisão, em regime fechado. A Corte a considerou culpada por articular com o hacker Walter Delgatti a invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com o objetivo de emitir um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes.
Após a condenação, Zambelli fugiu para o exterior. O STF pediu sua extradição, e a polícia italiana cumpriu a ordem de prisão internacional.
Justiça italiana decidirá extradição
A Justiça italiana ainda vai decidir se extradita Zambelli para o Brasil. O Ministério da Justiça italiano analisará o caso e poderá pedir à Corte de Apelação de Roma a confirmação da prisão. Se isso acontecer, o Brasil terá 45 dias para formalizar o pedido de extradição.
O Ministério Público italiano e os advogados da deputada também vão se manifestar. A defesa alegou perseguição política. Se perder, Zambelli ainda poderá recorrer à Corte de Cassação e, em última instância, ao Conselho de Estado.
Deputado italiano entregou endereço
O deputado Angelo Bonelli, do Partido Europa Verde, afirmou que encontrou Zambelli em Roma e entregou o endereço à polícia. Segundo ele, os agentes localizaram a deputada no bairro Aurélio, por volta das 18h no horário local (13h em Brasília).
Defesa afirma que houve entrega voluntária
O advogado Fábio Pagnozzi divulgou um vídeo, gravado antes da prisão, no qual afirmou que Zambelli decidiu se entregar às autoridades italianas para “colaborar administrativamente”.
Especialistas apontam chances de extradição
O procurador Vladimir Aras, ex-secretário de Cooperação Internacional da PGR, afirmou que o processo de extradição pode durar até dois anos. Ele lembrou que a Itália já extraditou o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, mesmo com cidadania italiana. Para Aras, os crimes atribuídos a Zambelli têm equivalentes no direito penal italiano, o que favorece a extradição.
O jurista Wálter Maierovitch explicou que, em casos de dupla cidadania, a Justiça analisa qual é a nacionalidade predominante. Segundo ele, como Zambelli construiu sua carreira no Brasil, a cidadania brasileira deve prevalecer.
Mandato ainda está ativo
Mesmo condenada, Zambelli ainda mantém o mandato de deputada federal, já que a Câmara dos Deputados não deliberou sobre sua cassação. Em junho, ela se licenciou por 127 dias — sete por motivos de saúde e 120 por interesse pessoal.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que consultou o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e aguarda os trâmites oficiais. Motta reforçou que cabe à Câmara decidir apenas sobre a perda de mandato, e não sobre a prisão.
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