Clique Notícias Brasil (CNB) – Na manhã desta terça-feira (28), o Governo do Amazonas deflagrou mais uma etapa da operação Choque de Ordem na região central de Manaus, mobilizando mais de 100 policiais civis e militares.
O saldo da ação? Apenas três prisões – uma em flagrante por tráfico de drogas e duas em cumprimento de mandatos de prisão.
O grande número de agentes envolvidos para um resultado modesto levanta dúvidas sobre a eficiência e a estratégia das forças de segurança do estado.
A operação
A operação aconteceu na Travessa Tabelião Lessa, conhecida como ‘Boca da Onça’, nas proximidades do Mercado Adolpho Lisboa.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM), o objetivo era combater o tráfico de drogas e aumentar a sensação de segurança na área.
No entanto, uma mobilização elevada de segurança pública para capturar apenas três suspeitos gera críticas e reforça a percepção de que uma política de segurança pública pode estar mais preocupada com o impacto midiático do que com resultados efetivos.
Força desproporcional ou necessidade estratégica?
Para contextualizar, mais de 100 policiais – incluindo agentes da Polícia Civil, Polícia Militar, Companhia Independente com Cães (CIPCães) e unidades táticas – foram deslocados para uma operação que resultou na prisão de um suspeito de tráfico em flagrante e na captura de dois indivíduos já procurados pela Justiça.
Além disso, 15 pessoas foram conduzidas à delegacia para averiguação de antecedentes, mas sem desdobramentos significativos.
Veja o que disse o secretário de Segurança, Coronel Vinícius Almeida, obre a operação:
O grande contingente mobilizado contrasta com operações em outras áreas de Manaus, onde comunidades sofrem com a falta de policiamento ostensivo, investigações arrastadas e dificuldade em prender criminosos de alta periculosidade.
Se há 100 policiais disponíveis para prender três suspeitos, por que essa força não é usada em locais onde a violência e o tráfico atuam com ainda mais intensidade?
Segurança pública ou espetáculo midiático?
A presença ostensiva de policiais e o uso de cães farejadores pode ter criado uma sensação momentânea de segurança para comerciantes e moradores, mas a própria SSP-AM admite que a situação da Boca da Onça exige mais do que ações isoladas da polícia.
O subcomandante-geral da PMAM, coronel Thiago Balbi, informou que o problema na região vai além do combate ao crime e envolve questões sociais que impedem a participação de outros órgãos governamentais.
Se essa é uma medida paliativa, como afirmou o próprio coronel, qual o real impacto da operação? Em um estado onde facções criminosas dominam territórios, homicídios seguem em alta e o tráfico se expande, é justificado a alocação de mais de 100 policiais para um saldo tão modesto.
O alto custo de mobilização e o baixo número de prisões indicam uma possível desconexão entre o planejamento estratégico e as necessidades reais da população.
Enquanto isso, os verdadeiros chefes do crime continuam à solta, e a sensação de segurança promovida por operações como essa pode não passar de uma ilusão passageira.
Se o objetivo é combater o crime de maneira eficaz, talvez seja hora de compensar prioridades e estratégias – e garantir que a força policial seja utilizada onde realmente faz a diferença.