
Um cofre com quase R$ 1 milhão, incluindo R$ 390 mil em espécie e cheques que somam mais de R$ 500 mil, foi apreendido na operação “Face Oculta”, que prendeu o vereador Rosinaldo Bual e sua chefe de gabinete por esquema de rachadinha na Câmara Municipal de Manaus (CMM).
Esquema desviava parte dos salários de comissionados
A investigação conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Amazonas (MP-AM), com apoio da Polícia Civil, aponta que o vereador exigia de seus servidores comissionados a devolução de até 50% de seus salários.
Para sustentar o esquema, mantinha entre 40 e 50 assessores nomeados, muitos deles sem exercer funções compatíveis.
Os valores desviados eram reunidos por pessoas de confiança do parlamentar e repassados de forma dissimulada, configurando lavagem de dinheiro.
Vereador responderá por múltiplos crimes
Além de peculato, concussão, associação criminosa e lavagem de dinheiro, o vereador também foi autuado por posse irregular de arma de uso permitido, localizada durante o cumprimento dos mandados.
A Justiça determinou o afastamento imediato do cargo por 120 dias e autorizou o bloqueio de R$ 2,5 milhões em bens e valores, além da quebra de sigilos bancários e telemáticos.
Chefe de gabinete era “braço direito” do esquema
De acordo com o MP-AM, a chefe de gabinete do parlamentar ocupava papel estratégico na estrutura criminosa. Ela era responsável pela abordagem direta aos servidores e pela cobrança dos valores a serem repassados ao núcleo do vereador.
Três cofres e R$ 890 mil em espécie e cheques

Ao todo, foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva. As buscas ocorreram na CMM, na casa do vereador, em um sítio de sua propriedade e na residência de sua mãe. Três cofres foram apreendidos.
Diante da recusa do vereador em fornecer as senhas, os cofres foram abertos com apoio do Corpo de Bombeiros. Em um deles, estavam R$ 390 mil em espécie, dois cheques que juntos superam R$ 500 mil, passaportes e outros documentos.
Denúncia será apresentada nos próximos dias
Durante coletiva na sede da Procuradoria-Geral de Justiça, o promotor de Justiça Leonardo Tupinambá do Valle, chefe do Gaeco, afirmou que a denúncia contra os envolvidos deve ser apresentada já na próxima semana.
“O vereador tinha uma alta rotatividade entre os funcionários que eram contratados pelo gabinete. O dinheiro ia, primeiramente, para quatro a cinco pessoas da equipe dele e depois era revertido em benefício do parlamentar”, disse Tupinambá.