Clique Notícias Brasil (CNB) – O que parecia ser apenas uma cerimônia solene de entrega do título de Cidadão do Amazonas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, neste sábado (7), transformou-se num evento com forte carga política. Realizada no auditório da Igreja Evangélica Assembleia de Deus no Amazonas (IEADAM), em Manaus, a solenidade reuniu três pesos-pesados da política estadual: o governador Wilson Lima (União Brasil), o senador Omar Aziz (PSD-AM) e o prefeito David Almeida (Avante) — todos em plena movimentação de bastidores para as eleições de 2026.
A homenagem ao chamado “ministro terrivelmente evangélico”, indicado ao STF pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, escancarou a crescente disputa pelo eleitorado evangélico no estado. A imagem dos três principais líderes políticos do Amazonas no mesmo palco, em um ambiente marcadamente conservador e religioso, não passou despercebida. Muito além da reverência ao ministro, a cerimônia serviu como vitrine para alianças, mensagens cifradas e reposicionamentos estratégicos.
Pré-candidato ao governo e aliado do presidente Lula (PT), Omar Aziz fez questão de elogiar Mendonça em seu discurso e acenou ao segmento religioso com gestos de aproximação. Wilson Lima, que já iniciou tratativas com Jair Bolsonaro, reforçou seu enraizamento no campo conservador. Já David Almeida, atento ao seu papel de fiel da balança, manteve sua postura estratégica, evitando tomar partido explícito, mas marcando presença.
A honraria foi proposta pelo deputado estadual Comandante Dan (Podemos) e aprovada por unanimidade na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam). Comandada pelos pastores Jonatas Câmara e Ana Lúcia Ferreira Câmara, a cerimônia contou com a presença maciça de fiéis e líderes religiosos, evidenciando a força da bancada evangélica como ator político influente.
Nos discursos, destacou-se a trajetória de André Mendonça, que já foi advogado-geral da União e ministro da Justiça. Em sua fala, Omar Aziz destacou “a importância do diálogo entre as instituições” e parabenizou a Aleam pela sensibilidade política. Nos bastidores, o movimento foi interpretado como tentativa de ampliar seu alcance eleitoral junto a segmentos tradicionalmente refratários à esquerda.
Com a disputa pelo Palácio do Governo já em curso, a cerimônia que homenageava um ministro do STF acabou revelando muito mais do que reverência institucional: expôs o novo mapa das alianças em formação — e mostrou que, em 2026, o altar evangélico será um dos palanques mais cobiçados do Amazonas.
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