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Roberto Cidade tenta justificar atuação da Aleam e defende destino de recursos para Manaus

O discurso de Roberto Cidade soa como uma tentativa de desviar o foco das fragilidades do próprio Legislativo, que pouco tem feito para fiscalizar e exigir melhorias concretas para a população.

Roberto Cidade
(Foto: Joel Arthus/Asscomm/Roberto Cidade)

Clique Notícias Brasil (CNB) – O presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), deputado Roberto Cidade (UB), reagiu às críticas sobre a falta de emendas parlamentares destinadas a Manaus.

Ele argumentou que os deputados estaduais são obrigados, desde a 19ª Legislatura, a direcionar 50% de suas emendas para a saúde, tanto na capital quanto no interior do Estado.

No entanto, essa justificativa levanta questionamentos sobre a efetividade da destinação desses recursos e a transparência na aplicação do dinheiro público.

“É curioso que essa discussão parta de alguém que conhece bem o funcionamento das emendas parlamentares e que, enquanto deputado, acompanhou a aprovação dessa obrigatoriedade. Hoje, alguns parlamentares destinam até 70% de suas emendas para a saúde, dividindo os valores entre o interior e Manaus. No ano passado, por exemplo, destinei R$ 19 milhões para Manaus, mas não para a Prefeitura”, declarou Cidade. No entanto, sua fala ignora as dificuldades enfrentadas pela população, que continua sofrendo com a precariedade dos serviços de saúde na capital e no interior.

Ele citou a Central de Medicamentos do Amazonas (Cema), a Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), o Hospital Adriano Jorge e os Serviços de Pronto Atendimento (SPAs) Joventina Dias e São Raimundo como alguns dos destinos desses recursos.

Ainda assim, denúncias frequentes apontam a falta de medicamentos e a superlotação nessas unidades de saúde, colocando em xeque a real eficácia dessas emendas.

“Já cheguei a destinar 90% das minhas emendas para a saúde em anos anteriores. A população precisa entender que enviar recursos para Manaus não significa, necessariamente, repassá-los à Prefeitura. Quando o Governo do Estado recebe esses valores, indiretamente, o município também é beneficiado”, enfatizou. No entanto, essa lógica não explica por que a rede municipal de saúde segue enfrentando sérias dificuldades, sem os investimentos necessários para suprir a demanda crescente da população.

Cidade ainda defendeu o papel da Assembleia na aprovação de projetos estruturantes.

“Recursos para o Asfalta Manaus passaram por esta Casa, assim como a ampliação do programa Prato Cheio para 44 municípios. A Aleam tem papel fundamental nessas melhorias”, reforçou. No entanto, moradores da capital questionam a qualidade da pavimentação realizada e a ausência de fiscalização rigorosa sobre essas obras.

Transporte coletivo em debate

O deputado também questionou o aumento da tarifa do transporte coletivo em Manaus, apoiando a cobrança do deputado Wilker Barreto (Mobiliza) sobre a justificativa do prefeito para o reajuste.

“Se realmente há uma economia de R$ 200 milhões com esse aumento, precisamos saber onde esse dinheiro foi parar nos últimos quatro anos. O que vemos é uma frota de ônibus deteriorada, terminais abandonados e a segurança prometida pela Guarda Municipal ainda não se concretizou”, criticou Cidade. No entanto, sua crítica não menciona a falta de atuação da própria Assembleia na cobrança de melhorias no transporte público antes do aumento da tarifa.

A declaração do deputado estadual Roberto Cidade coloca em xeque a gestão municipal, mas também expõe a ineficiência da atuação legislativa em garantir que os recursos sejam aplicados com transparência e eficiência, tanto pelo Executivo estadual quanto municipal.

O discurso de Cidade soa como uma tentativa de desviar o foco das fragilidades do próprio Legislativo, que pouco tem feito para fiscalizar e exigir melhorias concretas para a população.

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